No drama, nunca tive muito apego à personagens irônicos, a tendência era que eu acabasse os considerando meramente ilustrativos, ou um-personagem-qualquer-que-foi-posto-no-roteiro-pra-entreter. A ironia, em si, não é algo que me agrade muito. Gosto de um exemplo aqui, outro ali, mas na maioria das vezes acho que ela está sendo utilizada de forma incorreta. É o mesmo com usar "liberdade de expressão" como desculpa pra xingamentos; as pessoas acabam tirando proveito de qualquer brecha.
Uma vez estive em um debate na área de multimídia da escola, uma criatura carrancuda, de expressão séria e pouco sentimentalismo, falava coisas que não pareciam corretas, sequer demonstravam ter sido expostas baseadas na opinião dela. Sabe aqueles discursos que você encontra na parte de "Sermões Religiosos Amadores" na internet? Isso mesmo. Era um sermão religioso-puramente-satisfatório e de agrado aos demais companheiros.
Infelizmente, tenho o costume de ser além de briguenta, uma pessoa que tem gosto pela arte de dissertar, logo me vi discutindo com alguns colegas o quanto discordava daquilo, o quanto não somos obrigados a escutar sermões religiosos na escola tão somente como não somos obrigados a estudar religião, e como, de forma estupida porém útil, isso tem agradado os artistas do "faz-me rir" à explorar a bondade do cidadão até a ultima gota com Deus como background.
Não me entenda mal, alguns sermões são agradáveis (e olhe que estou longe de ser religiosa), mas de gente que realmente entende do assunto, gente que, acima de tudo, valoriza a questão moral bem mais do que a persuasão. Não esses mesquinhos que usam a distância da "maldade" e tudo que há de bom como beneficio da religião, e a precariedade, a diversão, o prazer e até mesmo o sexo como o caminho obscuro daqueles que se distanciam do seu Senhor.
"Não temam! Eles serão julgados por isso. Eles, que escolheram às drogas, o sexo sem compromisso, o homossexualismo, eles irão para um lugar muito diferente dos seus; vocês estarão banhados de doçura, calma e paz enquanto o couro deles queimam no fogo eterno." Sim, meus caros. Você, que já fumou umzinho, que já virou um copo inteiro de vodka, que já transou com o irmão da sua melhor amiga, você vai queimar eternamente por mais que tenha fé. E por mais que você acredite e defenda, que ame, que cuide, você não será julgado pelo que é e sim pelos seus atos.
Os artistas do faz-me rir são compromissados a exaltar à eles próprios, não ao seu Deus. A enaltecer a minoria conservista e baixar a esperança do que usa o "aparelho excretor que não reproduz" para ter prazer, de ter um lugarzinho no paraíso. O artista do faz-me rir usa o medo como arma principal, mas não o medo pleno, o medo que ele sabe que vive escondido nas profundezas do seu publico alvo (os falsos - e clichês - tementes), o medo de que pensamentos e atitudes "impuras" venham a acarretar uma eternidade de terror ~emsuapósvida~ no fogo pleno. Ou seja, fazem uso do falso para dominar as pessoas, para ter certeza de que elas não abram os olhos e enxerguem suas falácias de uma forma realista, pois EI, ISSO É SACRILÉGIO.

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