É impossível que o amor resista mais de 3 ou 4 anos, porque no começo de uma relação amorosa, nosso corpo libera hormônios como dopamina e serotonina, que são basicamente aquela sensação de felicidade e energia que você pode sentir perto de alguém. A real é: É impossível que seu corpo viva desses hormônios para sempre, sendo seu período máximo de até 4 anos. É o amor que libera essas sensações poderosas, não essas sensações que liberam o amor.
Te expliquei todas essas afirmações por horas, porque queria que compreendesse que tudo bem você me deixar, tudo bem que queira seguir sua vida normalmente como se nada fosse acontecer, afinal, você é apenas um ser que libera alguns diferentes hormônios em meu corpo, a gente pode viver sem isso, certo?
No primeiro dia em que você se foi, a abstinência tomou conta de mim e eu quis sair correndo por aí pedindo socorro. Todas as partes do meu corpo sentiram falta do teu toque, assim como um bebê prematuro sente falta do seu ventre, tão cruelmente que eu podia jurar estar morrendo de algo que te destrói sem nem sequer querer. Nesse momento, se formos comparar nossa relação a de um viciado com a sua droga, podemos dizer que a sua ausência causou em mim rebuliços no estomago incapazes de me permitir deitar e descansar assim como destruiu todo interesse em conversas e possíveis relacionamentos. Me senti com uma vontade imensa de fazer de tudo para te tocar, te ter, e a incapacidade de que isso viesse a acontecer destruiu aos poucos minha sanidade.
No segundo dia, eu acordei sem motivo algum e olhei para o teto vazio, a pior parte de acordar depois de passar toda a madrugada tentando fechar os olhos e dormir é que em segundos a sua realidade encontra um ponto fixo em sua mente e toda aquela angustia na boca do estomago retorna. É pior do que se sentir vazio na madrugada, pois ainda existe um longo dia a ser vivido com essas sensações.
Você carregou meu coração por todos esses meses em diante, e cada dia que se passou foi como um fardo nas minhas costas.
Mas houve um dia bom, em que as luzes da minha parede resolveram brilhar mais fortes, e meu cabelo quis ficar mais bonito, e alguém tocou meus ombros com um desejo preenchedor. Desse dia em diante, aquela angustia na boca do estomago se transformou em uma simples vontade de ejacular restos do meu organismo, e a alegria pareceu preencher meu dia de diamantes novamente.
Olhei-me atentamente no espelho por horas, e eu havia perdido aquela expressão magra e de olheiras, e algo reluzente havia retornado.
A parte mais terrível de encarar um fim de um amor, é que quando passa a abstinência, acidentalmente a vida sempre faz você encontrar o pivô do seu passado sofrimento em algum lugar, nem que seja na fila do mercado, com cadarço desamarrado, observando as fileiras de margarina. Você vê, e todo seu corpo parece responder aquela imagem, e por poucos momentos, você teme que todas as boas sensações vá embora para que as ruins retornem, isso dura alguns segundos, ate ele vir à sua direção com um sorriso enorme, te cumprimentar e você ouvir sua voz. Touché!
Aquela voz escorrega até seus ouvidos, embaralha na sua mente, mas não te faz sentir absolutamente nada além de saber que é reconhecida pela sua memoria. Você responde com um "Olá", pergunta onde fica a parte de frios, e ele observa você se mover até que sua imagem suma na direção contrária.


