Dizem que você conspira

Lembro que sempre tive medo de te perder para outra pessoa. A minha constante falta de confiança sempre sussurrou que eu não era suficiente para você, e de contrapartida, nunca acreditei na fragilidade da honestidade porque já estive no lado da relação que ama menos que o parceiro, e eu sei que quando nós somos essa pessoa, tanto faz como tanto fez, porque pra nós, o outro irá perdoar todos os nossos erros só porque nos ama tanto que uma vida sem nossa presença é inimaginável. 
Se você pensou exatamente dessa fora, errou quando achou que seria inimaginável. 
Desde que te conheci venho trabalhado mentalmente como iria te perder, e como sobreviveria a sua partida. E todos os dias aquela voz silenciosa, mas também perturbadora, da nossa mente que nos diz repetidamente "Você acha, mas acha mesmo, que a vida te seria tão generosa ao ponto de te dar um amor reciproco?". 
Não se abale ao perceber o quanto eu me coloco para baixo nesse texto. Sim, isso é sua culpa.
Eu te amei todos os dias e amei todas as partes do seu corpo. Amei seu suor quente escorrendo da sua testa até meu peito nu, amei seu folego embargado e a sua cara de prazer, amei a sua voz falha e lábios macios, amei aquela vez em que percebi que você se sentia completamente confortável na minha presença, amei os dias em que você me tratou como a maior prioridade da sua vida e amei os momentos em que olhou no fundo dos meus olhos e repetiu loucamente o quanto era honesto. 
Me lembro dos teus olhos escuros espantados, enquanto gritava que era um homem e todas as células do meu corpo acreditaram em você. Eu acreditei quando disse que me amava, tanto quanto afastei da minha mente com extrema veemência os pensamentos que me faziam querer se afastar de você, Teu corpo sempre me deu vontade de correr por aí, fumar 10 cigarros e pedir aos deuses por paz. Houveram dias em que eu pude jurar ver sua alma cálida transparecer da tua pele, transcender, ricochetear e voltar para você.
Não pense muito em mim. Se a gente chegou ao fim, pode crer que não haverá um recomeço. Vou estar vivendo todos os dias com a certeza absoluta de que não existe eu e você. Na verdade, se houve outro alguém, então nunca existiu nós. Eu vou seguir em frente com tanto embalo, que para me parar seria necessário muita força de vontade e devido as circunstância, ambos sabemos que você não terá. Sei que vai seguir sua vida normalmente, que vai se entregar no corpo de várias mulheres e elas serão tantas, que a minha imagem logo se tornará vaga e então serei só mais uma das suas ex namoradas só para depois de um tempo você constatar que de fato nunca me amou.
Lembro, além de todas as coisas, que sempre pedi que me amasse. Nas minhas orações, nos meus pensamentos e até mesmo nos momentos em que tua imagem passeava na minha mente, eu pedia encarecidamente e com tanta vontade, só para que me amasse. Não queria mais nada. 
Hoje, ás 8 da manhã de uma terça feira, eu finalmente constatei um fato: Você, que tanto se julgava um homem, me apunhalou pelas costas com a atitude de um moleque que não conseguiu enxergar o tanto de amor que estava recebendo. Você não pensou em mim nem por um segundo.
Choro enquanto penso o que fazer com as suas roupas, como vou te falar que eu sei? Como vou te falar que passei a noite toda de todos os dias dessa semana acordada no chão do quarto te imaginando tocando o corpo de outra mulher e o que você pensava enquanto fechava os olhos.
A pior parte é saber que você seguirá ileso. Que em cada esquina haverá corpos quentes e seios macios para te acalmar, se só por um segundo você pensar em mim.
Dizem que você conspira para que as coisas aconteçam da forma que acontecem. E dessa vez, acredito fielmente nisso. Porque todos os dias eu sabia desse momento quase que com certeza absoluta. E eu te olhava nos olhos, sabendo que você não era um homem fiel, e eu sonhava que comigo você seria, e eu chorava só de pensar em te perder.
Dizem que o que a gente deixa para trás, volta para nos assombrar quando o carma preenche essa tal coisa. Eu estou te deixando para trás: Meu bem, se for voltar, dê meia volta ao me ver. 

Em parte, eu parti

Em parte, tu sabes que mesmo que eu me perca tantas e tantas vezes
Em outros braços, outras camas, outros sorrisos
Tem uma parte reluzente na tua mente
Que insiste em saber que irei voltar
E eu volto
E te encaro com meus olhos de desculpa, e sem questionar, teus braços são meus novamente. Sei que esses meus sumiços te confundem, que sempre que vou, tu procuras saber de mim de uma forma silenciosa só pra não invadir meu espaço - tu deixas um recado ali, outro aqui, só pra que eu saiba que minha existência te perturba constantemente -, que não se importa que eu esteja desfrutando outros sabores, e que não fica com um nó na garganta ao pensar que eu fui, que não procurei saber de você nem por um segundo.

Em parte, tu sabes que mesmo que eu me ache em você tantas e tantas vezes
Nos teus braços, na tua cama, no teu sorriso
Tem uma parte que acorda na tua mente
Que insiste em saber que eu irei embora outra vez
E que eu fico por lá
E te vejo nos lugares sem nem te olhar, sem te querer, sem sentir tua falta enquanto tu se esmaga de saudades e tenta entender o porque eu nunca sei o que quero. 
Tuas mãos tentam roçar em outros cabelos, teus lábios - esses lindos lábios que se encaixam perfeitamente aos meus - beijam outras bocas numa tentativa desesperada de me dar algo que eu nem mereço mais, algo que já suguei de você e que você insiste em manter na esperança de que um dia eu decida ficar: tempo.

Em parte, eu vou porque sei que não te mereço
Em outros braços percebo o quão comum é o carinho de outras camas e sorrisos
E essa parte obscura da minha mente sempre tentará me convencer de que teus sentimentos genuínos não merecem meu coração de pedra - e receio dizer, é verdade.
Eu volto porque é poético
Porque tua existência satisfaz uma das minhas maiores sedes: a lírica
Mas não faça assim, não deixe que eu te vire do avesso e te cause ansiedade
Me deixe ir
Com toda certeza, posso encontrar poesia em outro lugar
Numa ilha deserta
Onde eu não precise te machucar

Some

No começo,
Era "Minha linda"
Vinho, roupa jogada
Pés grudados

No meio
Se tornou "Hoje eu tô cansado"
Desmarca, sede e saudade
Distância 

No fim
Foi "Adeus. Some da minha vida"
Exclui teu contato
Apaguei tuas fotos
Deixei tu de lado

O mais engraçado dos fatos
É que te desejei ardentemente por dias
E te esperei manter contato
Pensei

Pensei que aquele retrato nosso
Que aquele sorriso
Que aquele sexo
Que aquelas palavras

Pensei em ainda te procurar
Dizer que aceito
Qualquer coisa se eu te tiver
Numa cama, a sós

Ainda bem que não o fiz
E foi a tempo
Que descobri
Que tu me dá ânsia 

Ânsia pra te esquecer
Pra um dia te ter, e não te querer
Pra te ver sofrer
E esmaecer

Puta merda
Vai demorar
Vou esperar
Pra te esquecer

Respira, de nada adianta

Eu vivi dois anos em um relacionamento que era bonito só na minha cabeça. Foram dois anos de "Que roupa é essa?" "Com quem você vai?" "Que horas volta?". Foram dois anos de poder psicológico exercido sobre mim, sobre a minha vida e a forma de como eu a vivia. Sair de um relacionamento assim, não é fácil por vários motivos: A gente ama, a gente acha que não vai achar alguém melhor - inclusive, é o que ele tenta nos convencer o tempo todo -, a gente se sente presa a essa situação mas ainda assim chegamos a acreditar que a merecemos, a gente se sente completamente carente e começa a duvidar do nosso valor, da nossa sanidade. A gente se sente doente. 

Houve uma época - em um lampejo de força, em que a real eu acordou e notou que algo estava errado - que consegui me afastar por cinco meses. Fui extremamente feliz, vivi da forma que toda mulher deve viver: livre. Usei meus shorts curtos, as blusinhas lindas e meus batons poderosos, coloquei meu delineador escandaloso, e ninguém me fez sentir como se eu não merecesse esse mundo todo. Essa força, daquela mulher que colocava o cigarro na boca sem se importar se a achariam vulgar - e mesmo que achassem, aquela mulher adoraria -, durou isso e apenas isso. Quando chegou a época de ficar sozinha, de focar na minha vida e aprender a gostar da minha presença, ela se desmanchou e disse adeus, com uma mãozinha de fora do táxi como quem pensa:"Chega, monamu, você não é livre coisíssima nenhuma". E ela estava certa.

O procurei. Revirei todas as redes sociais atrás de nós, mas não encontrei. Na verdade, ele já estava com outra mulher, uma mulher que eu odiei e me senti na obrigação de odiar. 

"Volta pra mim, eu te amo"

"Eu também amo você... me espera, nós vamos voltar"

E esperei, e por meses me culpei e culpei aquela mulher. Eu a adiava. Eu o queria de volta, eu o aceitaria, eu deixaria minha vida toda por ele porque aquela voz na minha cabeça continuava dizendo que eu nunca, nunquinha, arranjaria alguém melhor, e nunca, nunquinha, seria o tipo de mulher forte o suficiente pra estar sozinha.

"Me manda foto dos seus peitos, tô com saudades"

Eu mandei até foto pelada. Ele se masturbou pra mim e eu me senti poderosa. No WhatsApp, dias depois, a foto com a nova namorada. 

"Ah, ela implorou pra que eu colocasse. Resolvi colocar porque não aguento mais ela no meu pé"

Engoli tudo isso em seco. A eu interior, meio sonolenta, tentava repetir que eu merecia coisa muitíssimo melhor que isso, minha mente logo a cortou e disse "Você quem passou cinco meses sendo puta, agora isso é o que merece. Espere por ele calada" e eu assenti. Ele me dizia coisas lindas e eu chorava toda noite. Chorava porque eu o queria de volta, porque eu me sentia idiota por ter achado que seria feliz sozinha: haha, tadinha, acha que é maravilhosa assim. 

Foi meio sem querer que eu descobri que, na verdade, eu sou maravilhosa pra cassete e a melhor coisa que faço por mim é ficar sozinha. Eu me acostumei aquela situação e cheguei a acreditar que ele realmente iria deixa-la, que ele me amava, que tudo que ele fez por mim era uma prova disso. Mas na verdade, aquele homem não é capaz de entender esse sentimento tão genuíno que é o amor: o amor é liberdade. O amor não é, definitivamente, poder psicológico, o amor não é ciúmes doentio nem brigas desesperadas, o amor não pesa, é leve, te faz leve, te tira os pés do chão.

E desde que notei que eu amo mais a mim, ele não me faz falta alguma. A mulher livre voltou correndo, me fez rir de algumas piadas soberbas e me ofereceu um copo de cana e uma ajuda pra ter a liberdade de seguir com a vida, de fazer algo dela, e desde então, meus projetos de me elevar e me parabenizar só crescem. Eu quero ser a minha unica preocupação, e que quando eu feche os olhos eu consiga sentir o gosto da liberdade e a valorize o suficiente pra apenas compartilhar com quem realmente fizer por merecer. 

E desde que fui livre que ele me procura. 

Não é fácil sair de um relacionamento abusivo e viver sã pra contar historia, mas toda mulher tem dentro de si um desejo de ser livre que vai a devorar um dia, e a fazer notar o quanto ela merece ser dela, e somente dela. 

Sem ti, senti

Hoje, eu sem ti

Parei de pensar em você: Houve um segundo estrondoso em meu dia que você não dominava minha mente
Pensei que estivesse feliz (mas então me lembro de teus recados de "Eu te amo")
Pensei que quisesse seguir em frente (mas então me lembro dos teus "Sempre vai ser você")
Te deixei livre, e você alçou um voo lento mas suficiente
e, sorrateiramente, se pôs em outro cais
Hoje, eu sem ti
Senti que teu corpo é um mistério só meu, e que talvez só eu, somente eu, seja capaz de desvendar
Senti que procurando em outros corpos o calor do teu, fica mais evidente que eu fui feita somente pra ti; reciprocidade, que tem
Tu agora marinas em outro mar, um mar que meu oceano dispõe de imensa superioridade
E me matas de saudade
De um tempo bom
Em que só havia meu tom
E o teu corpo à mercê: Há quem se dizer
Que ainda sou teu cais
Mas eu duvido.